sexta-feira, 24 de março de 2017

Ladrões

Não ajuntem riquezas aqui na Terra, onde as traças e a ferrugem destroem, e onde os ladrões arrombam e roubam. Mateus 6:19
Na minha infância tive duas fatídicas experiências com ladrões. A primeira foi o furto da sonhada bicicleta freestyle da Caloi, que havia ganhado de presente do meu pai, por volta dos sete anos. A segunda foi o assalto em que foi levado um relógio G-Shock, que “ostentava” por volta dos dez anos.
Confesso que perder esses dois objetos doeu muito para mim, mas de maneiras diferentes. Logo que ganhei a bicicleta, cuidava bastante dela e sempre me preocupava em guardá-la em um local seguro à noite. Com o passar do tempo, fui me acostumando a ela e comecei a relaxar no cuidado. Meu pai me avisou a respeito disso, mas eu não liguei muito para o conselho dele.
Um dia de manhã, acordei e fui procurar a bike para dar uma volta. Não a achei. Vasculhei toda a casa e não a encontrei. Só aí fui me dar conta de que a havia deixado no quintal, e um ladrão a havia levado. Nunca mais a vi. Chorei, naquele dia, porque não havia cuidado do presente que ganhara de meu pai.
O caso do relógio foi ainda pior. Por volta dos meus dez anos, o relógio G-Shock era meu sonho de consumo. Depois de muito pedir, meu pai me deu um.
Naquela época, eu estudava na Escola de Música do Espírito Santo, localizada no centro de Vitória. Eu ia sozinho para lá, com muitas recomendações de minha mãe. Quando ganhei o relógio, ela disse: “Vinícius, não vá com seu relógio para a aula de música, pois no centro da cidade ficam muitos trombadinhas. Eles vão roubá-lo de você.”
Fiz que ouvi a recomendação dela, mas no dia da aula, escondi meu G-Shock para que ela não o visse e fui para a escola louco para que todo mundo olhasse para o meu braço esquerdo e visse o “poder” da minha ostentação.
Se as pessoas na escola o viram, não falaram nada. Porém, ao me dirigir ao ponto de ônibus, alguém viu muito bem meu G-Shock e me disse algo que eu nunca esqueci: “Passa o relógio!” Entreguei meu “tesouro” e tive que explicar para minha mãe a minha desobediência.
Perder as duas “riquezas” de minha infância para os ladrões me ensinou que os valores verdadeiros devem ser guardados no cofre do coração e o que não cabe no nosso peito pode ser roubado. Entendi que o verdadeiro tesouro é Jesus. Se o colocarmos no centro da vida, “ladrão” nenhum o tirará de nós.

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